Atualmente, companhia representa menos de 3% da produção mundial de petróleo e o cenário pela frente é de acirramento da produção. Petroleira espera crescer no offshore, beneficiando cadeia de suprimentos e prestadores de serviço com foco em E&P.
O gerente-executivo de relacionamento externo da Petrobras, Pedro Henrique Brancante, disse, na última segunda-feira (24), que a empresa precisará ser muito competitiva e buscar a dupla resiliência nos próximos anos. O plano estratégico 2021-2025 prevê a busca por custos menores aliados à baixa emissão de carbono. Ele observa que esse compromisso terá que ser feito com tecnologias de ponta para gerar capacidade de produção de petróleo e gás, suportando as oscilações e os choques de preços baixos, que podem se tornar cada vez mais frequentes.
"Temos compromisso com a descarbonização das nossas operações e investimento em tecnologia para aumentar eficiência, ao mesmo tempo que reduziremos emissões de gases efeito estufa", projetou, durante reunião da comissão especial de indústria naval da Alerj. O gerente lembrou que 2020 talvez tenha sido o ano em que setor de O&G passou maior crise de sua história, com preços negativos nos Estados Unidos e o barril do Brent chegando a ficar abaixo de 20 dólares.
Brancante disse que o desafio é ser resiliente nas operações para que a companhia se torne um player cada vez mais forte internacionalmente. Atualmente, a Petrobras representa menos de 3% da produção mundial de petróleo e o cenário pela frente é de acirramento da produção. “As últimas empresas continuando a fornecer petróleo e gás natural no cenário de transição energética mais acelerado serão aquelas que tiverem custos baixos e baixas emissões”, avaliou.
A Petrobras considera que o Brasil tem grande potencial, reservas de classe mundial, mas está inserido nesse cenário competitivo. Brancante disse que, sem quadro regulatório simples, segurança jurídica e custos competitivos será mais difícil competir com outros atores, o que traz o risco de o país perder investimentos e deixar de transformar reservas em riquezas. "Temos que capitalizar o pré-sal logo, ter sentido de urgência de realizar investimentos e destravar a geração de valor que impacta a cadeia de O&G e outras cadeias produtivas no Brasil e no exterior", resumiu
O gerente reforçou o compromisso da Petrobras em competitividade nos mercados em que atua. Segundo Brancante, a Petrobras não está encolhendo, e tem um plano de investimentos robustos em ativos de classe mundial. O foco do investimento é em E&P de petróleo e gás em águas profundas e ultraprofundas, no pré-sal, na revitalização da Bacia de Campos e em novas fronteiras exploratórias no litoral brasileiro.
Brancante considera que a Petrobras vai crescer no offshore, beneficiando a cadeia de suprimentos e prestadores de serviço com foco em exploração e produção. A previsão de investimentos em exploração e produção é da ordem de US$ 46 bilhões, de acordo com o plano estratégico 2021-2025 da companhia. Ele mencionou que, somente no Rio de Janeiro, a Petrobras teve gastos da ordem de R$ 26 bilhões em 2020, principalmente com atividades ligadas ao offshore, como afretamento de embarcações, serviços de perfuração e produção de poços, conservação e reparo e manutenção.
Ele disse que, nos últimos 12 anos, a Petrobras e a Transpetro passaram por uma renovação importante da frota de embarcações. Brancante citou a contratação de mais de 120 embarcações de apoio offshore de grande porte que foram construídas em estaleiros brasileiros e que ajudaram a aquecer o mercado da construção naval nacional. De acordo com o gerente, 75% da frota de embarcações que realizam atendimento à logística de E&P e de engenharia submarina da companhia atualmente são de bandeira brasileira.
Brancante destacou que a empresa tem potencial grande para a realização de docagens e manutenções regulares de grandes navios que a Transpetro nos próximos anos, especialmente navios de cabotagem. "A Transpetro tem realizado diálogo com lideranças do setor para auxiliá-las a buscar competitividade na prestação desse serviço", afirmou.
Fonte: Portos e Navios, 25/05/2021