O motor a diesel foi um dos principais responsáveis pelo desenvolvimento econômico do século XX. Sua utilização foi tão intensa que, devido ao efeito colateral de sua utilização, acabou por fazê-lo passar de herói a vilão.
Porém, não podemos dizer que seu inventor, Rudolf Diesel, foi o grande responsável pelo chamado efeito estufa. O motivo dessa assertiva é o mesmo que, em 1893, deu origem ao Dia Internacional do Biodiesel, comemorado no dia 10 de agosto. É que naquele dia, Rudolf acionou o primeiro motor, posteriormente chamado de diesel em sua homenagem, e que utilizava óleo de amendoim, portanto um biocombustível.
Devido à dificuldade de produzir óleos vegetais em larga escala, logo os motores passaram a queimar um derivado do petróleo, que por sua facilidade de produção e de transporte, passou a ser uma das mais demandadas fontes de energia do nosso planeta. Um combustível de origem fóssil, não renovável e cuja queima libera abundantemente gás carbônico.
Em decorrência dos choques do petróleo ocorridos na década de setenta, o mundo começou a buscar alternativas para reduzir a necessidade de importação do energético. O alto preço do barril permitiu a exploração em áreas mais complexas e, em paralelo, começou a busca por fontes alternativas de energia que pudessem mitigar a dependência do petróleo. Posteriormente achamos muito petróleo, falta de petróleo passou a não ser um problema.
Naquele cenário surgiu também o “Proálcool” com o etanol sendo obtido a partir da cana de açúcar e, o que seria um simples substituto para a gasolina, passou a ser exemplo de combustível “limpo”.
No mesmo contexto, outras fontes de energia antes consideradas inviáveis economicamente passaram, por motivos ecológicos, a ser viabilizadas. Foi assim com o biodiesel, que embora tenha alguns pontos negativos como o deslocamento de alimentos e dificuldade de produção em larga escala, passou a ser indicado por ser renovável, menos poluente e o Brasil possui todas as condições necessárias para produzi-lo: áreas agriculturáveis, sol, água e tecnologia, além de um parque industrial apto a suprir as máquinas e equipamentos necessários.
Ao celebrarmos o dia do Biodiesel, na verdade, estamos comemorando o retorno à condição dos motores como o Rudolf inventou e a natureza agradece.
Escrito por: Alberto Machado Neto, diretor de Petróleo, Gás, Bionergia e Petroquímica
